Papos fotográficos



Fotografia Splash com câmera compacta

Caros amigos leitores, hoje eu vou mostrar uma experiência para saber quais seriam as dificuldades em se fazer uma foto de splash usando apenas uma câmera compacta.
É um tipo de fotografia desafiadora, porque é necessário sincronismo e muita paciência, mesmo com equipamentos profissionais, mas o desafio compensa porque são imagens diferentes e o efeito dos objetos sendo jogados dentro da água torna as fotos bem interessantes.
As principais limitações, claro, são os recursos do equipamento, que não tem opção de foco manual, não pode acionar um flash remoto, não pode ser controlada por disparador remoto e está confinada nas configurações de cena do modelo usado, além de não gravar os arquivos em RAW(em alguns modelos), deixando poucas opções de pós produção.
Vou ser sincero em dizer que já lí bastante sobre o assunto, mas nunca havia feito este tipo de foto. Segundo o que apurei, para se fazer uma boa foto de splash é necessário uma fonte de luz potente, pra poder usar um diafragma mais fechado e ISO baixo, o que garante foco bem nítido no objeto e em toda a ação da cena,  mas o desafio era algo mais simples, que pudesse ser feito em casa sem qualquer equipamento de estúdio. Seria possível fazer uma foto razoável com uma câmera tão simples?
Então, pra começar, testei a potência do flash embutido da câmera, uma Kodak Easyshare C180 de 10.2Mp que peguei emprestado da minha namorada, idêntica a essa aqui:
 kodakc180
Ela tem Zoom óptico: 3x, display (LCD) de 2,4 POLEGADAS, produz  imagens de até 10,1 MP (4:3) - 3664 x 2748, sensibilidade (ISO)Automática 80 a 240 e manual de 80 até 1250. Os programas que podem ser ajustados pelo seletor são o automático (urght!), esportes, macro e SCN, onde estão todo o resto, paisagem, retrato, crianças, neve, e etc que são configurados por meio do menu no LCD, lentes F/2.9-5.2 e distância mínima para foco nos programas normais de 60cm e 12cm em modo macro.

O restante do material que eu usei foi o seguinte:
- Papel escuro / cartolina preta - Fita crepe - Cola escolar - Papel laminado - Aquário 40x15 - Fundo preto - Objetos para a foto - Prendedores - Cabo de vassoura pra segurar o pano atrás da cena
Também usei um tripé porque o espaço que tenho sobre a mesa é estreito. (sim, eu fiz essa brincadeira no meu apto) Se ela fosse maior, não seria necessário, então não estou contando como item.
Como vocês podem notar, são itens que a maioria das pessoas tem em casa ou são fáceis de se encontrar, com exceção do aquário. Este eu tive a sorte de achar no lixo. Só descobri o motivo dele ter sido descartado quando coloquei água pela primeira vez, estava com vazamento, mas um pouco de silicone resolveu o problema.
Neste primeiro teste, optei pelo fundo escuro. O fundo branco ficou para a segunda etapa e merece algumas considerações adicionais. Vou contar o que aconteceu lá pro final.
Bem, eu precisava jogar a luz do flash para um dos lados, para ser rebatido e a luz voltar iluminando a cena e também pra não ser refletido pelo vidro. Essa foi a parte mais difícil, e como!
O corpo da câmera é pequeno, o que dificulta as adaptações. Primeiro, fiz este desvio da luz do flash com a cartolina. Por dentro, colei papel laminado pra jogar toda a luz pra fora e dobrei a cartolina de modo que ela ficasse como a cabeça de um flash externo, mas diagonal.
Esquema04
Isso foi o principal. O resto da cartolina usada foi para conter a luz que vazou por outros pontos e escurecer o corpo da câmera que insistia em aparecer refletido no vidro. Quem mandou escolher uma câmera prateada? Este furo perto da lente é para o indicador luminoso, pois no início eu estava usando a luz do temporizador como referência.
Esquema05
Note que ainda precisei colocar uma mini tapadeira na frente da saída da luz, evitando mais reflexos indesejados.
O ¨esquema" desmontado ficou assim:
Esquema06
Por ser o próprio flash dela a única fonte de luz e não ser muito forte, a câmera tinha que estar próxima do aquário, por isso o reflexo no corpo da câmera tinha que ser evitado de todas as formas e o aparato deu um pouco de trabalho pra fazer.

É claro que com outros modelos de câmera as adaptações serão diferentes, por isso não especifiquei exatamente medidas nem maiores detalhes da “gambiarra”, porque a quantidade de modelos destas câmeras no mercado é grande e cada uma vai ser adaptada de acordo com ele, então o que é importante frisar pra quem pretende brincar um pouco com água e fotografia é o seguinte;
A luz do flash tem que ser desviada para os rebatedores, (folhas de papel alumínio colocadas nas laterais do aquário) e você precisa usar um papel escuro, por isso a necessidade de colar na parte interna um papel laminado, senão você vai confinar a luz e ela não vai ter potência para alcança-los.
O flash da câmera não é muito forte, então a câmera terá que estar próxima do aquário, por isso o reflexo no corpo da câmera tem que ser evitado de todas as formas.
Então vamos lá, com tudo isso testado e funcionando, hora de começar pra valer as fotos e ver o que pode ser extraído de uma compacta simples. Abaixo você pode ver como ficou tudo montado.
Esquema01
As primeiras tentativas foram com morangos. O modo de cena usado foi o macro, que não é o ideal mas a distância da câmera em relação ao objeto não me deixou escolha. Pra fazer o foco, deixei a luz da sala acesa para que a câmera pudesse “enxergar” e segurei o botão de disparo com uma mão pra travar o foco enquanto segurava os morangos com a outra. Com a câmera pronta e a luz apagada, o desafio era sincronizar o disparo com a queda dos morangos na água. As câmeras compactas tem um delay entre o disparo e a captura efetiva da imagem, mas quando você se habitua com o tempo dá certo.
Nas primeiras fotos, eu estava usando o temporizador. Também funciona, pois você pode focar com a luz acesa, disparar e os 10 segundos de tempo são suficientes para apagar a luz e soltar os objetos que você vai usar na cena. A desvantagem é que acertar o tempo exato é difícil, e repetir o processo várias vezes tendo que esperar o disparo é um pouco cansativo. Ter uma pessoa controlando a luz ambiente e outra fotografando e jogando o objetos na água é muito mais proveitoso.
Começando os testes, esta foi a primeira foto, digamos, bem-sucedida.
Splash04
Agora, com maçãs.

Splash03
Splash02
Splash01
Bem, este foi o jeito que eu encontrei de fazer um splash de modo simples com fundo preto.

Fundo Branco

Agora é que são elas. Com fundo branco a coisa muda completamente de figura e eu vou explicar porque. Em um ambiente com luz controlada, tanto faz usar um fundo preto como o branco, o que manda é o quê vai ser iluminado pelas tochas ou flashes remotos.

Pra usar só um flash (o da própria câmera) para iluminar o fundo branco e a cena não seria possível com rebatimento, no mínimo, a luz iria ter que sair sem qualquer obstáculo pra iluminar tudo a sua frente, inclusive o vidro do aquário, gerando reflexos indesejados.

O jeito foi fazer o teste em área externa com a luz do dia e sem usar flash algum.
Coloquei um plástico branco que uso pra fotografar produtos preso em dois tripés de um lado, deixando mais alto, e o outro em cima de uma mesa, formando um fundo infinito. Coloquei o aquário em cima da mesa, com o peso dele segurando a chapa de plástico, mas daria pra usar um lençol branco, também funciona.
Tirei todo aquele “aparato” tecnológico de última geração que eu tinha feito pra cena em fundo escuro e usei a câmera presa num mini tripé (aqueles que a gente vê nas vitrines das ópticas). Neste caso deu porque a mesa que fica na área externa é bem maior que a da minha sala, enfim, coloquei a câmera em cima dela, bem próxima do aquário. Na verdade eu variei um pouco a distância, fotografando um pouco mais de longe usando o zoom óptico e depois mais de perto sem zoom.
O dificuldade aqui foi fazer o foco. O velho problema de luz em cima do LCD. Embora a câmera desse sinal que havia conseguido focar, na maioria das tentativas não era no objeto que ela achava o foco e não dava pra enxergar o que estava acontecendo no visor. Como eu fiz esta série sozinho, ficou impossível monitorar a câmera, soltar os objetos e disparar.
O resultado que você pode conferir nas fotos a seguir ficou inferior ao obtido no fundo preto, mas eu ainda não desisti de fazer novas tentativas. Esta primeira foto eu coloquei de propósito, ela não deu certo, e é isso que acontece quando você erra o sincronismo com o disparo, mas gostei do "redemoinho" de ar que formou.
Splash05
A próxima já ficou um pouco melhor, mas o foco ainda é o problema.
Splash06
Essa está com o foco um pouco melhor, mas uma coisa que é importantíssima e eu esqueci de verificar: O vidro estava sujo, da outra vez que eu usei pra fazer a primeira série. Então fica mais esta dica, o aquário precisa estar bem limpo, e é preciso manter assim durante as fotos também.

Ter sempre um rodo de pia e um pano por perto é recomendável. A água também precisa ser bem cristalina, se ela ficar turva por causa dos objetos que forem sendo jogados repetidamente, é preciso substituir.
Splash07
Estes morangos sofreram durante a experiência. Ao final já estavam todos marcados. Missão cumprida, agora é hora de uma boa salada de fruta. Lamento dizer que esta foi a última vez que estes morangos foram vistos com vida. :)
Splash08
Se você quer tentar fazer algo parecido com sua compacta, mande o resultado para o nosso blog, teremos prazer em publicar aqui o seu relato e as fotos.
Até a próxima e boas fotos!  

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